Mona Língua
- Marcela Nunes Quintela
- 17 de fev.
- 1 min de leitura
Foi com Gregório que descobri
O vocábulo do meu sentimento perdido
Entendi que a tradução da minha angústia
É sofrer de amor incompreendido
Foi nos tropeços da uma peça poeta
Que me reconheci como velha apaixonada
Por aquela que me criou, língua mãe e pátria
Em sua forma vivida, escrita ou falada
E revivi, como se revirasse vida
O dia em que me apaixonei por acento
Quando uma crase displicente de Pessoa
Trasformou, em mim, cafèzinho em sentimento
Lembrei do mel dos luares e luas
Que encontrei nos versos de Vinícius
E de tantos outros que foram mapa
Dos labirintos dos meus suplícios
Percebi, por fim, que meu sofrimento
Não é platonismo da minha língua querida
Mas sim incorformismo do ego de artista
De não ver sua musa ser reconhecida.
Marcela Quintela
16 de fevereiro de 2025
Comments